quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros.
Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção.
Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar.
Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia.
Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado.
Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado.
Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer.
Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo.
Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele.
Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la.
Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha.
Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.
[Fabrício Carpinejar]

sábado, 18 de setembro de 2010

Tudo diferente.



Simplesmente não sei como transcrever em palavras o que se passa em mim.
Sem definições ou emoções exageradas, sem ousadia ou expectativas, sem grandes ideias ou imaginação.

Tudo mentira.... isso é só uma monte de blá....blá ... para mostrar que sou uma pessoa controlada, quando na realidade meu interior está todo conturbado.

Na real, to cansada dessa bobagem de ter que, sempre me manter centrada.
Fingir que não me importo com coisas que me deixam, piradinha, fingir que não faz diferença, quando na realidade faz TODA diferença.

Passa o tempo e as pessoas são sempre, sempre as mesmas, não importa por quanto tempo ela consiga fingir, acredite, logo a máscara irá cair e tudo se repiti-rá, e você vai pensar: "- Só posso estar tendo um Déjà vu". Em seguida você terá certeza que não se trata de um déjá vu e sim de pura fraqueza.

E me pergunto é errado ser fraca?
Acredito que não desde que você esteja ciente das consequencias e pronta para vive-las, o que na maioria das vezes não é o caso, sempre esperamos de ter muiiita esperança mesmo que será diferente.

Hoje eu tenho uma duvida, re-viver emoções antigas ou viver emoções novas, ter novas experiências ou tentar ressuscitar o que se perdeu?

Vale mesmo á pena se arriscar?


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Li por ai, e gostei se encaixa...
(...) Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais...

Mas aí, daqui uns dias.... você vai me ligar. Querendo prosear , querendo me apertar em seus braços só enquanto você pode vulgarizar amor que sinto. Me querendo no escuro, escondido. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor, ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo."

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O tempo não para...
Me pergunto onde foi parar todos os planos e sonhos não concretizados, todas as lembranças felizes e sombrias.
Tenho medo desse tempo que não espera, que foge desenfreadamente, tenho medo que não de tempo de concretizar meus sonhos, por que ás vezes já nem lembro mais quais são eles.
São tantas coisas perdidas ao longo dos anos, o meu amigo Chico cantou: " Onde os sonhos extraviados vão parar?" Cazuza cantou: " O tempo não pará", Renato Russo cantou: " Não temos tempo há perder..."
E eu? Já não canto mais : " ...Quem acredita sempre alcança..."



Será que deixei de acreditar?
Putz, quando foi que meus ideais mudaram?
Quando foi que deixei de acreditar ?
Acreditar em quê?
Preciso assossegar esse meu eu que está tão inquieto, e não sei como fazer, já que não sei a causa disso ou talvez saiba e não esteja querendo admitir.
Ou... sei lá.
São tantas opções, sem opção concreta que me desespera....

Muito confuso o que escrevo?
È simples, sou confusa.

"As pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem, há o que são e nem sempre se mostra.…”

Caio Fernando Abreu in Morangos Mofados